Amamentar é fácil. Difícil é ser mamífera na nossa sociedade tecnocrata!

domingo, maio 28, 2006

AMAMENTAÇÃO E O ESTADO PORTUGUÊS

"A pesquisa da OMS afirma que é fundamental para o crescimento normal das crianças o aleitamento materno, desde que seguido de acordo com as diretrizes sobre alimentação complementar - até os seis meses de vida, a criança só deve ser alimentada com leite da mãe, e depois, receber alimentos complementares suficientes e inócuos (que não oferecem risco à saúde), junto com o leite materno por até dois anos ou mais.

Essas diretrizes foram recomendadas num outro estudo, desenvolvido em 2002, sobre a estratégia mundial para alimentação da lactante e da criança. Em conjunto, a OMS e o Unicef criaram, como resultado desse estudo, um guia para que os países elaborem suas políticas de alimentação e estado nutricional, crescimento, saúde, e sobrevivência das lactantes e crianças. "

Como é sabido, a OMS recomenda a amamentação em exclusivo até aos seis meses de idade, altura em que se começa a diversificar a alimentação do bebé.
No entanto, o que se passa na realidade é muito diferente. Em Portugal 50% das mamãs deixa de amamentar no primeiro mês de vida do bebé. Felizmente, têm sido levadas a cabo iniciativas bastante úteis para contrariar essa tendência mas há factores que condicionam imenso o sucesso da amamentação em exclusivo até aos seis meses.
O próprio estado Português não autoriza licença de seis meses. O período normal são 120 dias, ou seja , 4 meses dos quais se recebe 100% do salário. Actualmente, já é possível ficar em casa 5 meses mas na condição de receber somente o mesmo valor dos 4 meses. Com o nível de vida que todos conhecemos não me parece muito fácil uma família poder abdicar de um mês de salário por muito boa-vontade que haja!
Resultado, ao fim de 4 meses as mamãs vêm-se "obrigadas" a retomar o trabalho.
Quem ficará com o bebé?
A que horas posso ir buscar o bebé?
Que alimentação vou dar ao bebé?
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Com todas estas dúvidas e muitas mais, certamente, como é que uma mãe pode ter paz de espírito para continuar a ter leite para o seu bebé? O stress provoca redução da produção do leite materno. Além disso nem todos os empregos têm condições para que a mamã possa extrair leite à bomba. Muitos locais de trabalho nem frigorífico têm para se poder guardar o leite extraído. Há sempre a hipótese de congelar mas será que todas as mamãs têm disponibilidade económica para comprar sacos de congelação de leite?
Eu, pessoalmente ainda amamento. Amamentei em exclusivo quase até aos 5 meses e meio. Entretanto, tive de voltar ao trabalho pelo que achei ser boa altura para introduzir sopa e papa.
A meu ver a Amamentação é um assunto que não está a ter a devida atenção. É algo de importância extrema e definitivamente deveria ter o apoio incondicional do estado Português. O estado estaria a contribuir para uma melhor qualidade de vida da população, pois atendendo aos beneficios da amamentação a curto e longo prazo representaria, efectivamente, um melhoramento da saude pública em geral.

terça-feira, maio 23, 2006

AMAMENTAÇÃO SELVAGEM

Li este artigo e adorei. Para o lerem na totalidade cliquem aqui.
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Dar de mamar é despojar-se das mentiras que contámos a nós mesmas toda a vida sobre quem somos ou quem deveríamos ser. É estar descontraídas, poderosas, famintas, como lobas, como leoas, como tigres, como canguruas, como gatas. Muito relacionadas com as outras mamíferas de outras espécies no seu total apego à cría, descuidando o resto da comunidade, mas milimetricamente atentas às necesidades do recém-nascido.

Deleitadas com o milagre, tratando de reconhecer que fomos nós mesmas que o fizémos possível, e reencontrar-mo-nos com o que há de sublime. É uma experiencia mística se premitir-mos que assim seja.

Isto é tudo o que necessita para poder dar de mamar a um filho. Nem métodos, nem horários, nem conselhos, nem relógios, nem cursos. Mas sim apoio, contenção e confiança dos outros (marido, rede de mulheres, sociedade, âmbito social) para ser uma mesma mais que nunca. Apenas a permissão para ser o que queremos ser, fazer o que queremos, e deixar-mo-nos levar pela loucura do selvajem.
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As mulheres que desejam amamentar têm o desafío de não se afastarem desmedidamente dos nossos instintos selvagens. Sabemos racicionar, ler livros de puericultura e desta maneira perdemos o objectivo entre tantos conselhos supostamente “professionais”.
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Dar de mamar é ter o bebé nos nossos braços, sempre que seja possível. É corpo, é silêncio, é conexão com o sub mundo invisível, é fusão emocional, é loucura.

Sim, há que ser um pouco louca para se conseguir ser mãe."

sábado, maio 20, 2006

ALIMENTAÇÃO DURANTE A AMAMENTAÇÃO

Existem muitos mitos e tabus relacionados à dieta da mãe que amamenta. A primeira recomendação é a de que nenhuns alimentos (excepto bebidas alcoólicas e cafeína) devem ser excluídos da sua dieta habitual, só porque está a amamentar. O principio básico da alimentação da mãe que está a amamentar é garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários para a saúde. Não obstante, deverá ter alguns cuidados alimentares pois a alimentação da mãe é muito importante nos 2 ou 3 primeiros meses de vida do bebé, uma vez que vai interferir directamente na amamentação. Se a mãe tiver certos cuidados com o que come, a incidência de cólicas no bebé será muito menor.
Fazer dietas restritas não é recomendado enquanto está a amamentar. A produção de leite consome muita energia. Uma mãe em fase de amamentação produz entre 800 e 1200 mililitros de leite por dia, (só para ter uma ideia, para cada litro de leite que a mãe produz há um gasto de 900 calorias). Dessa forma, a mulher que amamenta exclusivamente ao peito tem um gasto energético extra que vai ajuda-la a voltar ao seu peso normal mais rápido, sem dietas.

Coma: muita fruta, muitas verduras e legumes, nozes, queijo branco (ricota), leite desnatado, mel, pão integral, aveia, fibras, em geral, beba água!
Evite ao máximo: doces, chocolates, fritos, enlatados, condimentos, coisas gordurosas alimentos que fermentem, amendoins, pipocas, etc. carnes pesadas, carnes cruas, legumes que provocam gases: espinafres, repolho, pimentão, etc., sushi, camarão, lagosta, frutos do mar, tudo o que for de digestão difícil; não beba refrigerantes, refrescos, bebidas industrializadas.
Evite: massas, pizzas, bolos, muitas carnes, feijão e bebidas alcoólicas.

Sugestões:

Beba bastante líquidos, principalmente água. Uma mãe que toma poucos liquidos corre o risco de desidratar e diminuir a produção de leite; Selecione alimentos variados; Faça pequenos lanches frequentemente; Evite álcool e cafeína (chá preto, chocolate, café preto, coca-cola, alimentos com corantes, alimentos light e adoçantes), eles passam do seu leite para o bebé; Antes de tomar qualquer medicamento consulte seu médico; Não exagerar nos temperos de odor forte, como alho; Não fumar; Tentar comer peixe duas a três vezes na semana.

quinta-feira, maio 18, 2006

TERÁ FOME?

Há sempre uma altura na amamentação em que a mãe se questiona se o seu bebé está a ser convenientemente alimentado. Aconteceu também comigo. Em certas alturas ficava na dúvida se a minha filha já teria mamado o suficiente. Comecei a pesquisar informação e pedi ajuda ao pediatra. A conclusão a que cheguei é que estas dúvidas são próprias das mamãs primíparas e que são legítimas. O bebé não pode é passar fome.

Para saber se o bebé está a ser bem alimentado devemos ter em conta:
- o bebé molha cerca de seis fraldas por dia, depois que começa a mamar regularmente. Evacua de duas a cinco vezes com fezes soltas e amareladas nas seis primeiras semanas. Alguns bebés processam tão bem o leite materno que evacuam pouco e não é caso para alarme;
- a urina deve ser amarelo-claro. Nem escura, nem alaranjada;
- o peito da mãe deve ficar mole e "vazio" depois da mamada;
- o bebé deve parecer sereno após a mamada;
- deve aumentar de peso normalmente.

No caso de amamentação exclusiva não há horários pré-definidos para as refeições. Nos primeiros dias o bebé irá mamar pouco de cada vez pois o seu estômago é muito pequeno e por esse motivo a frequência das mamadas poderá ser elevada. Um bebé amamentado pode pedir o peito com intervalos de 3h, 2h, 1h e até 30min. É normal e não se deve negar alimento. Quando um bebé está a ser amamentado a prescrição é "leite à vontade", sempre que o bebé pedir. Com o passar do tempo o bebé ganhará o seu próprio ritmo.

Como saber se o recém-nascido está com fome?
- o bebé abre a boquinha e vira a cabecinha, procurando o seio da mãe;
- o bebé procura o seio da mãe;
- faz o movimento de sucção ou coloca os dedinhos na boca;
- chora, sinal definitivo de fome. Não espere até ele chorar.

quarta-feira, maio 17, 2006

CURSO SOBRE AMAMENTAÇÃO

Aqui está a decorrer um curso sobre Amamentação gratuito e online.
É muito interessante!

DAR ÁGUA?

O leite materno passa por três momentos diferentes: o colostro que vai até o sétimo dia de vida do bebé, o leite de transição que vai do sétimo ao décimo quinto dia de vida do bebé, e o leite maduro a partir do décimo quinto dia de vida do bebé.

No leite materno maduro podemos observar duas fases:

- anterior - leite do início da mamada, o qual tem aparência acinzentada porque contém mais proteínas; é este leite que, devido à sua consistência mais aguada, se encarrega, por assim dizer, de saciar a sede do bebé

- posterior - leite do final da mamada, com aparência branca porque contém mais gordura; é o leite que alimenta*

* por ser o leite final o que alimenta o bebé é necessário que cada peito seja totalmente esgotado antes de passar ao outro, caso contrário, o bebé poderá está a ser mal alimentado visto que o leite inícial não contém a gordura necessária para saciar a fome do lactante.

A amamentação exclusiva, em condições de normalidade, é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebé, inclusíve a hidratação, mesmo em dias quentes. Os complementos devem ser evitados porque interferem na vontade e capacidade do bebé mamar, principalmente se forem oferecidos através de biberões.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que os bebés mamem exclusivamente até o sexto mês de vida e que continuem a mamar até os dois anos ou mais com a introdução de alimentação complementar oportuna.

segunda-feira, maio 15, 2006

AMAMENTAR COM IMPLANTES DE SEIO

- Posso dar de mamar a meu filho se tenho implantes de seio?
É possível que você possa amamentar seu filho se seus mamilos não foram removidos na cirurgia. Você não deverá apresentar nenhum problema ao dar de mamar se os nervos ou condutos lácteos não foram cortados durante a cirurgia.

- O que preciso saber se quero amamentar e tenho implantes de seio?
Os implantes de silicone, cheios de gel ou solução salina, são os mais freqüentemente utilizados para implantes de seio. Pergunte ao médico que realizou a cirurgia que tipo de implante você tem, e pergunte também se seus mamilos ou condutos lácteos foram removidos na cirurgia. Pergunte ao médico se tem havido problemas com o tipo de implante que você tem. Obtenha informações sobre a empresa que fabrica seus implantes e a data em que o fizeram. Escreva ou telefone para a empresa responsável e faça as mesmas perguntas para ela.


- Como fazer se os implantes apresentarem escapes de silicone para o leite?

- É mais seguro amamentar meu filho com leite fabricado se eu tiver implantes de seio?

Respostas aqui

sábado, maio 13, 2006

AMAMENTAÇÃO NA HISTÓRIA

" Este artigo aborda o tema amamentação através de um resgate desta prática em diferentes momentos da história, recuperando-se crenças e significados atribuídos ao fenómeno em diferentes períodos da humanidade dentre outros aspectos específicos a ele relacionados. Aponta-se, ainda, diversas estratégias utilizadas na alimentação infantil, em diferentes épocas e contextos sociais, analisando-se suas repercussões na tomada de decisão das mulheres em oferecer ou não o leite materno como alimento exclusivo para seus filhos. As evidências sustentam que o aleitamento artificial é tão antigo quanto a história da civilização humana e que o valor atribuído ao leite materno e às suas vantagens – nutricionais e afetivas - apresentam, na atualidade, flutuações também observadas ao longo da história, em diferentes sociedades. Reafirma-se que o ato da amamentar ou não ao peito, a despeito de possuir uma expressão no nível biológico, decorre de processos que transcendem este plano sendo histórica e culturalmente condicionado. Torna-se evidente que essa prática decorre de uma complexa rede de relações nas quais participa um amplo conjunto de elementos e dimensões, muitas das quais aqui examinadas, sofrendo oscilações em diferentes momentos históricos e em distintos contextos sociais. Essa complexidade precisa ser considerada no âmbito das ações em saúde voltas ao incentivo desta prática."

Continua...