Amamentar é fácil. Difícil é ser mamífera na nossa sociedade tecnocrata!

terça-feira, abril 25, 2006

MÃES PORTUGUESAS INTERROMPEM AMAMENTAÇÃO MUITO CEDO

"Mais de 50 por cento das mães portuguesas deixam de amamentar no primeiro mês de idade do bebê. "O insucesso da amamentação é alto em Portugal", assinala o professor de pediatria da Faculdade de Medicina de Lisboa Gomes Pedro. (...)
(...) Os dados mais recentes da Direcção-Geral de Saúde (1997), respeitantes apenas à região de Lisboa, revelam que no primeiro mês eram 78 por cento as mulheres que amamentam, aos três meses já só são 41 por cento e aos seis meses descem para 23 por cento. No mais recente estudo nacional (1988) os números são bastante mais baixos. Ao primeiro mês de vida, são 61 por cento as mulheres que amamentam, aos três meses são 36 por cento, aos seis meses são 23 por cento.(...)"
"Para o insucesso da amamentação contribui a "imensa pressão" exercida pela indústria farmacêutica produtora de leite artificial, defende Leonor Levi. "Nos hospitais portugueses é prática corrente 'bombardear' as mães nas maternidades com ofertas", o que contraria o Código de Ética dos Substitutos do Leite Materno (OMS), ao qual Portugal aderiu há cerca de 20 anos. Nos hospitais portugueses deveria ser proibida a publicidade ao biberão, tetinas e chupetas. (...)
(...) Em termos históricos, o abandono crescente da prática está ligado à emancipação da mulher, que se seguiu à I Guerra Mundial, mas também à indiferença de algum pessoal de saúde e à falta de investimento do Estado. Gomes Pedro junta a tudo isto o pulular de berçários nas clínicas e hospitais privados, onde as crianças são desde logo afastadas das mães, para lhes ser dado o biberão nos primeiros dias de vida.
Segundo Gomes Pedro, bastariam "medidas simples", como consultas pré-natais para os pais estreantes, para que os números da amamentação aumentassem. Uma experiência realizada pelo Centro de Desenvolvimento do Hospital de Santa Maria, numa zona da periferia de Lisboa, demonstrou o sucesso da medida: 72 por cento das mães que foram informadas dos benefícios amamentam até aos três meses - são apenas 18 por cento as que o fazem sem receber informação. Leonor Levi afirma que em Portugal "são as classes altas e mais informadas" que estão a voltar a amamentar."
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